quarta-feira, 20 de abril de 2011

"Preconceito e morte": Leia o Editorial do Jornal O DIA


Estudo realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) revelou que os assassinatos de homossexuais quadriplicaram no Piauí em apenas um ano. Foram registrados oito homicídios em 2010, contra dois, em 2009. De forma isolada, o número pode parecer
pequeno, mas um olhar mais acurado percebe a importância de se discutir o tema: em apenas um ano, a quantidade de pessoas assassinadas por motivos ligados à homofobia foi multiplicada por quatro.

Se os números continuarem crescendo, o Piauí seguirá a tendência do país do aumento nos casos de crimes de intolerância. De acordo com o levantamento do Grupo Gay da Bahia, realizado com base em notícias publicadas em jornais e sites, o número
de assassinatos de homossexuais, travestis e lésbicas no Brasil aumentou 31,3% em 2010 em relação ao ano anterior. Foram 260 casos em 2010, contra 198, em 2009. Ainda conforme o estudo do GGB, o Nordeste concentrou 43% dos homicídios contra
integrantes das comunidades de lésbicas, gays, bissexuais travestis e transexuais (LGBT), ou seja, o risco de um homossexual ser assassinado no Nordeste é aproximadamente 80% maior do que no Sudeste, por causa da intolerância.

Em comparação com os Estados Unidos, o risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior. Esses dados são ainda mais assustadores quando se pensa que os assassinatos em questão são motivados tão somente porque as vítimas possuem orientação sexual diferente daquela que o criminoso considera normal. Ora, normal é conviver em harmonia, não apenas com atitude de tolerância diante das diferenças, mas de compreensão de que as diferenças entre as pessoas são exatamente o que torna o mundo mais rico. Tolerar crimes com motivação homofóbica ou não punir com rigor aqueles que os cometem é o mesmo que assentir ao assassinato de uma pessoa apenas porque ela é negra, ou branca, ou gorda, ou magra, homem ou mulher. Homicídios contra gays, lésbicas e travestis são, antes de tudo, homicídios.

E como tal devem ser punidos por meio da lei e evitados por meio da educação. Escolas e famílias devem ensinar, desde muito cedo, que normal é ser diferente, único e que é justamente essa diferença que nos faz iguais aos outros em importância. Para acabar de vez com os crimes por homofobia é preciso não apenas ensinar a tolerância, mas principalmente ensinar e viver o
respeito.

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